#Oscarnaval2023: OS BANSHEES DE INISHERIN

Carnaval já passou? Então chegou o momento. Sim, ele voltou, aquele que é o mais amado por vocês e mais temido por nós: a temporada de Oscar e o anual retorno do Rascunhos da Meia-Noite! Pegue sua pipoquinha e vamos aproveitar mais uma Maratona Oscarnaval!
Tá tudo bem ser chato

E chegamos no grande dia do Oscar! Mas ainda temos muito que correr por aqui. Correr tudo o que o nosso filme da vez não correu. Andando a passos lentos e seguindo sempre a mesma rotina, chegamos em um filme que tem chances de chegar comendo pelas beiradas. Veja aonde você vai amarrar o seu burrinho e vem saber mais sobre Os Banshees de Inisherin.

Saímos do caos e das cores de Las Vegas em Elvis e caímos diretamente em uma sóbria, pequena e pacata ilha da Irlanda. Aqui, conhecemos todos os habitantes de Inisherin, seus hábitos e os seguimos em toda a sua rotina. Focamos em Pádraic (Colin Farrell) que, acompanhado de sua fiel jumentinha, visita todos os dias seu grande amigo Colm (Brendan Gleeson). Um dia, Colm decide que não quer mais ser amigo de Pádric porque acha que ele é "muito chato" e que ele quer curtir mais o que lhe resta de vida. Daí, passamos o resto do filme vendo essa discussão de gato e rato.

"Só me fala o que eu fiz pra você"

Sim, o filme é só isso. Uma amizade de muitos anos sendo quebrada porque uma parte decidiu que não quer mais. O filme é extremamente parado e, sendo bem sincero, precisei parar várias vezes por estar muito disperso na ideia. O ritmo do filme tenta, por tudo, acompanhar a vida pacata dos moradores de Inisherin. O que é algo muito válido, mas não deixa de tornar tudo muito monótono e não ser o tipo de filme para toda hora e todo público. Temos aqui muita qualidade técnica, isso é inegável! Mas em questão de gosto, acho que ele terá os seus fãs e os seus haters.

Falando na enorme qualidade técnica, claro, não podemos deixar de falar que temos monstros da atuação aqui! Eu adoro quando um ator consegue absorver tanto do personagem que consegue entregar uma atuação magnífica em momentos tão simples e Colin Farrell faz exatamente isso aqui; em momento nenhum ele explode ou entrega uma atuação mega expansiva - algo que a Academia ama -, tudo nele é simples e num tom de voz que quase some, um ator excelente que merece ainda muito destaque. E todo o elenco de apoio também, como Brendan Gleeson, que está muito em pé de igualdade com seu parceiro de cena, porém sabe os momentos de mostrar a brutalidade do personagem; Kerry Condon também dando mais substância do que acredito que sua personagem teria; e, claro, Barry Keoghan, que já se mostrou um excelente ator em vários projetos - sendo ótimo fazendo esse personagem mais "maluquinho" -, mas acho que ele merecia mais espaço de tela aqui, entregando um personagem muito interessante, mas que tem pouco tempo, mesmo ele sendo aproveitado ao máximo e de forma brilhante.

Bem, daí se vai esse sonho.

E vale reforçar que esse filme é de ninguém mais ninguém menos que Martin McDonagh, um excelente diretor e roteirista de Três Anúncios Para Um Crime, filme queridinho nosso aqui do blog. Os dois filmes falam sobre vidas pacatas, mas que situações acontecem - claro, umas mais intensas e sérias que outras - que tiram a paciência de todos os envolvidos; e sempre com um terceiro ato que parece dar continuidade mesmo após os créditos começarem a subir. Aqui, temos uma enorme briga de gato e rato que, no fim do dia, tanto os personagens quanto nós ficamos nos perguntando "como chegamos a este ponto? O que levou a gente a isso aqui?" e, bem ou mal, é algo algo muito interessante de acompanhar. Mesmo em um filme tão lento.

Por fim, mesmo em passos tão lentos, Os Banshees de Inisherin fala sobre como quando se aponta um dedo para alguém, existem quatro apontando para você. Tem um roteiro que acompanha toda a narrativa e acho que pode sim surpreender e agradar muito dependendo da vontade do expectador. Mesmo andando quase parando, a gente encontra forcas para seguir caminhando com nossa jumentinha.

"Os Banshees de Inisherin" no Oscar

E parece que nossa jumentinha e cachorrinho foram longe! Não falei que esse filme poderia comer pelas beiradas? Temos aqui merecidas nove indicações: melhor filme, melhor direção para Martin McDonagh, melhor ator para Colin Farrell, melhor atriz coadjuvante para Kerry Condon, melhor ator coadjuvante para Brendan Gleeson e Berry Keoghan (sim, duas indicações nessa!), melhor montagem, melhor trilha sonora e melhor roteiro original. A melhor coisa dessa temporada de premiações está sendo a imprevisibilidade e acredito que esse aqui pode surpreender bastante, mas acredito que suas maiores chances estão em roteiro e trilha sonora. Mesmo que seu elenco mereça muito, temos outros favoritos esse ano.

That's a wrap, folks. And the Oscar goes to...

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