#Oscarnaval2023: TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO

Carnaval já passou? Então chegou o momento. Sim, ele voltou, aquele que é o mais amado por vocês e mais temido por nós: a temporada de Oscar e o anual retorno do Rascunhos da Meia-Noite! Pegue sua pipoquinha e vamos aproveitar mais uma Maratona Oscarnaval!

A beleza de uma pedra, mas a fluidez de um caco de vidro

"Ufa". É só o que eu tenho a dizer. Chegamos ao último filme da Maratona Oscarnaval 2023 e mesmo envolto de tanto estresse pessoal, pelo visto, chegamos a uma conclusão mais que recompensadora. Nada do que eu falar sobre esse filme fará jus ao que ele merece, mas podemos tentar. Virou queridinho? Virou queridinho, mas é porque ele é bom mesmo. Nada é em lugar nenhum nunca, mas existe Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo.

O título é enorme porque o universo é enorme. Ou melhor, o multiverso é enorme. A realidade em questão é a da simples Evelyn (Michelle Yeoh) que vive com sua família de imigrantes chineses e tem sua simples lavanderia como renda. Quando eles precisam apresentar documentos de impostos para a imigração, sua vida muda completamente quando ela se torna a única salvação para impedir que todos os infinitos universos sejam destruídos.

O filme começa com a gente pensando "é só isso?", mas não demora muito para mudarmos de ideia e pensarmos "é tudo isso". Afinal, qual é o limite da criatividade? E mais ainda, como fazer aquilo que está dentro da sua cabeça ser disseminado na prática e convencer pessoas a irem nessa loucura com você? Não só o longa mostra isso, mas deve ter sido um enorme trabalho para os diretores convencerem toda uma equipe e chefões de estúdios a toparem esse verdadeiro "multiverso da loucura".


Diferente de filmes grandiosos que levam multidões para o cinema, esse aqui chegou com a proposta de ser mais um filme feito pela A24, estúdio que já costuma valorizar muito talentos artísticos, mesmo que não renda tanto em bilheteria. Mas a comoção por ele foi estrondosa e é ótimo ver um filme que não é um blockbuster crescer no boca-boca. Conheço pessoas que não gostaram muito desse filme justamente por ser uma loucura muito difícil de embarcar, mas é inegável toda a sua qualidade. No final do dia, é possível perceber que a história em si é muito mais simples dentro de toda a complexidade de seu desenvolvimento.

Além de toda a equipe envolvida - direção, efeitos visuais, edição e tudo mais -, é ótimo ver o elenco também muito engajado nessa maluquice que o filme sugere. Michelle Yeoh é uma atriz gigante e é a primeira vez que recebe esse reconhecimento todo mesmo com décadas de carreira; o mesmo para Stephanie Hsu, que tem um papel pequeno na série The Marvelous Mrs. Maisel e aqui dá o tom para toda a narrativa; e, claro, Ke Huy Quan, que ficou sumido dos holofotes por tanto tempo e agora retornou entregando algo que parece se desconectar de todo o filme ao mesmo tempo que está completamente dentro dele. Grandiosas atuações para grandiosos filmes.

Esse filme me faz rir, me emociona e me faz pensar sobre muito. Mesmo em momentos mega difíceis e ansiosos, nós não conseguimos guardar tudo o que existe em nossas vidas dentro de uma rosquinha. Uma hora ela explode. O que fazermos quando explodimos? Esse é o ponto do filme. Nós podemos viajar por múltiplas realidades e buscar qual deve ser a melhor versão de nós, sempre vamos estar pensando sobre "o que seria da minha vida se eu tivesse feito aquilo, ou tivesse negado isso?", daí ficamos pensando que o que temos aqui e agora é nada comparável à infinidade que existe por aí. Mas existem coisas que estão em tudo, em todo lugar e ao mesmo tempo: amor, aceitação e gentileza. Qualquer barreira é quebrada quando sabemos usar essas três coisas ao nosso favor.

Talvez esse texto não consiga refletir tudo o que é possível sentir assistindo Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo, mas a gente tenta. Afinal, ainda existe muita vida para além desse filme e desse texto. É um filme fácil e difícil, é longo e curto, é intenso e suave. Mas uma coisa não podemos negar: nada é mais infinito do que a criatividade.


"Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo" no Oscar

Estamos falando do gigante dos gigantes dessa temporada! Não é empolgante ver um filme tão diferentão chegando tão longe? Esse aqui concorre à melhor filme, melhor direção para Daniel Kwan e Daniel Scheinert ("The Daniels"), melhor atriz para Michelle Yeoh, melhor atriz coadjuvante para Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu, melhor ator coadjuvante para Ke Huy Quan, melhor figurino, melhor montagem, melhor trilha sonora, melhor canção original para "This Is a Life" e melhor roteiro original. Ufa! Tantas indicações mais que merecidas. Esse filme é um frescor para a premiação em sentido de qualidade e como um filme consegue extrair o máximo de toda a sua concepção.

That's a wrap, folks. And the Oscar goes to...

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