Oscarnaval2024: BARBIE e OPPENHEIMER

Acharam mesmo que a gente ia deixar passar em branco? Depois de tantos anos? O Carnaval passou, mas é o Rascunhos que tá no comando macetando mais uma temporada da Maratona Oscarnaval! 
Come on, Barbie, let's go party! Sim, nós dividimos o compilado de filmes entre postagens de forma aleatória, mas era óbvio que não queríamos perder a oportunidade de ter aqui o nosso próprio evento Barbieheimer. Não é sempre que temos filmes tão diferentes entre si estreando exatamente no mesmo dia, não é mesmo?

Se de um lado, temos um filme envolto de uma marca que atravessa gerações até hoje e se mantém extremamente popular; do outro, temos um recorte biográfico de uma figura histórica, mas dirigido por um dos cineastas mais consagrados do cinema moderno. Mesmo sendo muito diferentes entre si, era óbvio que os dois teriam suas devidas notoriedade separados. Mas é ótimo ver toda a movimentação do público de rivalizar - ou, como no nosso caso, aproveitar - essas duas obras e celebrar a pluralidade do cinema.

BARBIE

Vocês já pensaram na morte?
Prepare sua roupa cor de rosa que vamos celebrar um dos - se não o maior - marcos de 2023: Barbie. Em uma versão literalmente humanizada da boneca que marcou a infância de muitas mulheres, o filme de Greta Gerwig nos transporta para a Barbielândia, onde conhecemos A Barbie (Margot Robbie). Depois do que parece uma vida vivendo no mundo perfeito, as coisas começam a ficar estranhas com a loira; a magia começa a desaparecer. Em uma busca para resolver seus problemas de pés chatos e água gelada, Barbie e Ken (Ryan Gosling) vêm para o mundo real, enxergam a vida como ela é e transformam o mundo do faz de conta. 

Todo o rosa, piadas e roupas icônicas são apenas enfeites em um filme divertido, mas com temas sérios, sendo o machismo o principal. Sim, machismo, e não feminismo. O roteiro de Barbie foca muito na maneira como os homens enxergam as mulheres e faz isso bem, mas acredito que poderia ter sido feito de uma maneira melhor. Os discursos na parte final do filme são reais, mas cruéis demais. E, confesso, que o desfecho de homens-mulheres nas últimas cenas me deixou desapontada com as decisões tomadas pelas bonecas - já que vai um pouco contra o que o feminismo, em sua essência, defende. No meio disso tudo, o que mais me agradou foi como trouxeram questões de autoconhecimento, tanto no personagem da Barbie como no Ken. E está tudo bem duvidar de si mesmo e aceitar a imperfeição; nem eles são feitos de plástico.

Mas falando de coisa 100% boa? Que filme divertido. Visualmente carismático, encantador, com referências até doer os olhos - positivamente falando - e com uma trilha sonora impecável. Para mim, Barbie é um dos melhores filmes da categoria “filme” que existe. O erro da maior parte do público foi tratá-lo como uma obra-prima, quebradora de correntes e reinventora da roda; coisa que não é e creio que nunca tentou ser. Mas é um dos filmes que, se estiver passando em qualquer canal na televisão daqui um tempo, eu vou parar para assistir. Para mim, isso é sinal de qualidade. Então, caso tenha vivido em uma caverna sem sinal de internet nos últimos meses e ainda não tenha assistido à Barbie, que está disponível no streaming Max, vista sua roupa cor de rosa e vamos festejar.
(Texto de Júlia Ramos)

OPPENHEIMER

O destruidor de mundos.
E do outro lado do ringue da sétima arte, Christopher Nolan mais uma vez saiu de casa para fazer história. Mesmo já tendo feito um filme sobre outra guerra, curioso o diretor retornar a um cenário parecido. Como o próprio nome diz, vamos acompanhar a vida de Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), o "pai da bomba atômica". Durante a 2ª Guerra Mundial e a corrida armamentista e tecnológica de todos os lados do conflito, acompanhamos o desenvolvimento do cientista acerca do desenvolvimento da bomba atômica, o Projeto Manhattan, a vida pessoal e conflitos políticos. Toda uma trajetória que mudaria o mundo como ele era.

O mais interessante, para mim, é como esse não é um filme de guerra. É um filme sobre o cientista. E isso fez toda a diferença sobre o olhar que a gente teria sobre o conflito. Nolan não tem medo de se posicionar politicamente sobre o que foi o Projeto Manhattan e suas opiniões sobre Oppenheimer e todos que o cercavam. Sem contar, obviamente, com todo o aparato técnico que é esbanjado a cada minuto das mais de três horas de longa. Diferente do que Greta Gerwig fez, aqui o diretor quer sim reinventar a roda e trouxe a qualidade artística da câmera analógica para o grandiosíssimo IMAX. Gosto de dizer que o mais importante de qualquer filme é sempre a história em si e que está tudo bem você assistir na tela que tiver, mas Oppenheimer utiliza cada pequeno artifício na intenção de tornar a sua história ainda mais grandiosa.

Se posso trazer argumentos negativos, não vou dizer que sou muito a favor de alguns posicionamentos políticos do filme. Mesmo que a história explore a própria melancolia do cientista quanto à criação de uma arma aniquiladora, ainda é tendencioso o modo como a história é conduzida para tentar fazer o público ter um olhar de empatia por ele. A própria representação de figuras femininas aqui me incomoda em partes, como por exemplo Jean Tatlock (Florence Pugh), que foi muito importante na vida de Oppenheimer acerca de apresentar conceitos comunistas para ele, senti ela muito afastada de todos os conflitos que ela poderia estar inserida na história. Dentre outras figuras importantes que esperava a inserção maior de uns e menor de outras. Essas questões são até válidas e sei que muitas pessoas não concordam, mas, quando consumimos uma adaptação de um fato histórico, é sempre bom termos um olhar um pouco mais crítico e colocarmos uma pulguinha atrás da orelha.
(Texto de Felipe Fritz)

"Barbieheimer" no Oscar

Nesse duelo de gigantes, um provavelmente se sairá melhor que o outro na premiação, mas importante deixar claro que o mais importante é que tivemos a oportunidade de ver coisas tão diferentes quase ao mesmo tempo. Precisamos ficar sim muito feliz que um filme tão popular e acessível quanto Barbie conseguiu ter tanto reconhecimento por sua qualidade. Quem ganha é o público que consome!

Pegando o carro direto para a Barbielândia, Barbie está na corrida em oito indicações: melhor filme, melhor atriz coadjuvante para America Ferrera, melhor ator coadjuvante para Ryan Gosling, melhor roteiro adaptado, melhor canção original para "I'm Just Ken" e "What Was I Made For?", melhor design de produção e melhor figurino. Sentiu falta de alguma coisa por aqui? Pois é. Nós sentimos muita falta de ver Greta Gerwig sendo indicada pela sua direção, porque muito nesse filme tinha chances de dar muito errado, mas ele estava lá sendo conduzido pela pessoa certa. Além disso, achávamos que Barbie ganharia fácil o prêmio pelo design de produção até vermos Pobres Criaturas, então ficamos muito na dúvida agora! Além disso, claro, se esse filme não levar por alguma música original, pode expulsar da Barbielândia, nem que seja pelo grande meme que "I'm Just Ken" se tornou!

Por outro lado, temos o bombástico Oppenheimer, sendo o filme com o maior número de indicações da temporada: melhor filme, melhor direção para Christopher Nolan, melhor ator para Cillian Murphy, melhor ator coadjuvante para Robert Downey Jr., melhor atriz coadjuvante para Emily Blunt, melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora, melhor som, melhor design de produção, melhor fotografia, melhor cabelo e maquiagem, melhor figurino e melhor montagem. Uau! Sim, esse filme foi merecidamente um sucesso de indicações e é quase certo que siga sendo o maior destaque da premiação. Vai ser mais que merecido ver Cillian Murphy levantando a estatueta depois de tantos anos na indústria como coadjuvante em produções e finalmente sendo reconhecido pelo seu talento. Eu não tiraria os meus olhos também de Robert Downey Jr., pois a Academia adora ficar de olho em atores que fogem um pouco de seus papéis consagrados e aqui ele consegue tirar muito a nossa visão dele como Homem de Ferro. E, claro, não tem nem o que falar sobre as categorias técnicas, pois é óbvio que também será um destaque principalmente pelo seu som. No mais, ainda temos muito a comentar sobre Oppenheimer nessa premiação de amanhã.

E conseguimos falar sobre todos os filmes indicados na principal categoria do Oscar 2024! Mas ainda não terminamos por aqui, porque amanhã às 20h, enquanto você já acompanha o tapete vermelho da premiação, nós estaremos aqui para revelar as nossas apostas da premiação no nosso já tradicional Oscarnaval: A Apuração!

That's a wrap, folks... and the Oscar goes to...

Comentários